Empreendedor x João sem patrão
Costumamos definir basicamente novo empreendedor pela abertura de um CNPJ. Na área da saúde, então, isso é muito mais acentuado, uma vez que o profissional tem formação técnica e não administrativa. “Abri empresa, virei empreendedor”. Essa análise tende a ocultar um dos maiores problemas pra quem deixa de ser colaborador e vira dono do próprio negócio: A diferença entre empreender e ser um “João sem patrão”.
Essa visão simplista de empreendedorismo causa um problema ainda maior, mas não perceptível muitas vezes, que é a “escravidão” do gestor profissional técnico. Trabalhar horas e horas, diariamente, sem rumo, sem metas, sem direção, sem início, meio e fim.
Existe escolha, todos podem continuar sendo o “faz tudo”, porém na maioria das vezes o cálculo de retorno financeiro disso tudo não fecha. Em grande parte dos casos, trabalhar como colaborador ou terceirizado compensa mais do que esse tipo de empreendedorismo estilo “João”, visto que o investimento inicial com estrutura própria pode ser usado para cursos na área de gestão e a abertura da empresa pode ser postergada para ser mais sólida.
Como agravante, as empresas de uma só pessoa costumam parar de tempos em tempos, ao primeiro sinal de problema (familiar, saúde...) ou diversão, como férias. Resumindo: A fonte costuma secar nesses dias, pelo fato de que quem não trabalha não recebe do cliente.
Empreender exige no mínimo uma visão de cima para baixo. Identificar pontos e oportunidades para agregar e, passo a passo, tornar a empresa cada vez menos dependente do “chefe”. Isso não se aprende da noite para o dia. É preciso plantar, semear, conversar com quem está no mesmo ramo e em um patamar acima, verificar colegas de profissão e como eles empreendem a partir do momento que transformam suas clínicas em centros de saúde e bem estar e, sim, copiar, o que é bom precisa ser copiado e aprimorado.
Não há mal algum em ser um “João sem patrão” por um período X, mas, acredite, a linha que sustenta esse tipo de negócio é muito mais fina do que você imagina. Ao primeiro sinal de problema ela pode se romper e o trabalho pode ir por terra.
Comece como um João, porém, com olhos de quem pode se tornar João, Pedro, Maria, Ana, Cláudia, seja o verdadeiro gestor de um negócio sólido, que faça os clientes se sentirem seguros, os serviços tragam renda sem depender de suas mãos o tempo todo, onde os colaboradores se sintam parte do todo e, se algum dia algum deles desejar empreender, incentive e faça parcerias, você já terá aprendido o caminho do empreendedorismo.